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Sou professora de Português, e este blog é mais um recurso para ajudar meus alunos em suas atividades escolares. Seleciono textos e atividades que os ajudarão na suas necessidades. Aqui tem resumos dos conteúdos, textos para leitura, exercícios para resolver e resolvidos que se tornarão acessível aos alunos, que por ventura, perderam aula ou que precisam de um reforço escolar. Além disso disponho deste espaço para postar meus poemas, artigos e mensagens variadas. Espero que gostem.

domingo, junho 12

1ª) JUNTO ou JUNTOS?
A palavra JUNTO só apresenta flexão (feminino ou plural)
quando é adjetivo. Observe alguns exemplos:
“As duas velhinhas moram JUNTAS.”
“Os livros estão JUNTOS na estante da esquerda.”
As locuções prepositivas JUNTO A e JUNTO DE (=perto de, ao
lado de) são invariáveis.
“A sala de reuniões fica JUNTO AO ambulatório.”
“Os livros estão JUNTO DA estante da esquerda.”
Observação:
Sou contra o uso da palavra JUNTO fora do seu real significado (=colado, unido, ao lado):
“Contraiu um empréstimo junto ao Banco do Brasil”. Só se foi no
vizinho! Na verdade, ele contraiu o empréstimo NO Banco do Brasil.
“Só resolverá o problema junto à diretoria da empresa”. Deve
ser no banheiro que fica ao lado!! Devemos resolver o problema COM a diretoria da empresa.
“Palmeiras contratou o zagueiro junto ao Flamengo”. Agora fiquei em dúvida. Terá sido no posto de gasolina Mengão, no Ciep que fica próximo ou no Hospital Miguel Couto? É brincadeirinha. Bastaria dizer que o Palmeiras contratou o zagueiro do (ou “ao”) Flamengo.

2ª) ESTE ou ESSE?
1o) Quando nos referimos ao “tempo presente”, devemos usar ESTE:
“NESTE momento, está chovendo no Rio de Janeiro.” (=agora)
“Ele deve entregar o proposta NESTA semana.” (=na semana em que estamos)
“Não haverá futebol NESTE domingo.” (=hoje)
“O pagamento deverá ser feito NESTE mês.” (=mês em que estamos)
2o) Quando nos referimos a algo citado anteriormente, devemos usar ESSE:
“Tudo ia bem até a 25a volta, NESSE momento houve um grande acidente.”
“Ele pouco se dedicava ao projeto, por ISSO foi dispensado.”
Observe alguns exemplos inadequados:
“Pelé chega de Nova Iorque NESSA semana.” (= Não se falou anteriormente de outra semana. Só pode ser NESTA semana);
“Com os nervos à flor da pele desde o início DESSA semana, os operadores mostravam-se exaustos ontem.” (= Se os operadores estavam exaustos “no dia anterior”, é porque o autor referia-se ao início DESTA semana);
“Mas, o que se diz no Palácio do Planalto é que, NESSE momento, lavar a roupa suja em público só ajuda mesmo a uma pessoa.” (= O autor referia-se ao momento atual. Deveria ter usado: “NESTE momento”);
“Depois DESTA pobre e pequena diversão.” (O autor referia-se ao que acabara de dizer. Deveria ter dito: “Depois DESSA pobre e pequena diversão”).

3ª) Camisas ROSAS ou ROSA?
O certo é: CAMISAS ROSA
Um substantivo, no papel de adjetivo, torna-se invariável (=não se flexiona em gênero e número).
ROSA é o nome (=substantivo) de uma flor. Se nós usarmos como cor (=adjetivo), torna-se invariável:
Blusão (=masculino) ROSA (feminino);
Camisas (=plural) ROSA (singular).
Observe que a palavra ROSA, quando usada como cor (=no papel de adjetivo), é sempre ROSA (=sem masculino nem plural).
Vejamos outros exemplos:
Camisas LARANJA, casacos VINHO, blusas CREME, sapatos AREIA, calças CINZA, GELO, TIJOLO, ABACATE, LIMÃO…

4a) Por que AJUDÁ-LO, RECEBÊ-LO e DIVIDI-LO?
Leitora quer saber o porquê dos acentos.
Em português, as palavras oxítonas só recebem acento gráfico se terminarem em “o”, “e”, “a”: compô-la, propô-lo, recebê-lo, vendê-la, ajudá-lo, procurá-la…
As oxítonas terminadas em “i” e “u” não recebem acento gráfico: dividi-lo, adquiri-la, servi-los…
É importante lembrar que deveremos usar o acento agudo, caso as vogais “i” e “u” formem hiato com a vogal anterior: destruí-lo, contruí-la, distribuí-los, atraí-las, possuí-lo…

5a) RÉIS ou REAIS?
É possível que muitos brasileiros não saibam que não é a primeira vez que a nossa moeda se chama REAL.
Na vez anterior, o plural do REAL era RÉIS.
Entretanto, o plural da nossa moeda atual é REAIS.
Devemos, portanto, dizer: um REAL, mas dez REAIS.

Dúvidas dos leitores

1a) ABAIXO-ASSINADO  ou  ABAIXO ASSINADO ?
a)    ABAIXO-ASSINADO, com hífen, é o documento assinado por muitas pessoas que reivindicam alguma coisa. Seu plural é abaixo-assinados.
“Os alunos entregaram o abaixo-assinado ao diretor da escola.”
b)    ABAIXO ASSINADO, sem hífen, indica a pessoa que assina o documento.
“Sérgio Nogueira, abaixo assinado, vem solicitar a Vossa Senhoria que autorize…”
2a) Eu ABULO  ou  eu ABOLO ?
É a famosa dúvida do nada com coisa alguma. ABOLIR é verbo defectivo. Só pode ser conjugado nas formas em que, após o radical, aparecem as letras “e” ou “i”.
Observações:
a)    No presente do indicativo: eu (não existe), tu aboles, ele abole, nós
abolimos, vós abolis, eles abolem;
b)    No presente do subjuntivo: não existe forma alguma;
Existem outros verbos que apresentam um problema semelhante ao do ABOLIR: colorir, demolir, explodir, extorquir, latir…
Portanto, se você quisesse dizer que “é necessário que se demula ou demola a parede”, a solução é buscar um verbo sinônimo: “É necessário que se DESTRUA (ou DERRUBE) a parede”.
É interessante observar também que não existem as formas: eu demulo, eu explodo, eu extorco, eu coloro, eu lato. A solução é um verbo sinônimo ou uma locução verbal : estou demolindo, estou explodindo, estou extorquindo, estou colorindo, estou latindo…


1a) ENFEIANDO ou ENFEANDO?
Leitor nosso está em dúvida quanto ao uso do verbo “enfeiar”. Quer saber se a frase a seguir está correta: “Mas também está enfeiando a cidade e derrubando a imagem de administrador-arquiteto que nosso prefeito queria manter”.
Nosso leitor tem razão. Mas, cá entre nós, é um típico erro que muita gente boa não deve ter percebdo.
Para quem não sabe, o verbo é ENFEAR (=ficar feio). E aqui está o problema: se você fica FEIO, é porque está enfeiando. Errou duas vezes: nem ENFEIAR nem ENFEIANDO. O correto é ENFEAR e ENFEANDO.
O caso é o seguinte: o ditongo “ei” só ocorre quando a sílaba tônica cai sobre a vogal “e”: FEIo, iDEIa, reCEIo, pasSEIo, reCREIo, FREIo, CoREIa…
Entretanto, não há o ditongo “ei” quando a sílaba tônica muda de posição: enfeAR, enfeANdo, ideAL, ideoloGIa, receOso, passeANdo, freAda, coreAno…

2a) Verbos terminados em -EAR
Todos os verbos terminados em “-ear” (passear, saborear, cear, recrear, frear, enfear…) fazem um ditongo “ei” nas formas rizotônicas (=sílaba tônica na raiz do verbo).
As formas rizotônicas são: 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular e a 3ª pessoa do plural dos tempos do presente:
a)    presente do indicativo:
eu passeio, tu passeias, ele passeia, eles passeiam;
eu freio, tu freias, ele freia, eles freiam;
eu enfeio, tu enfeias, ele enfeia, eles enfeiam;
b)    presente do subjuntivo:
que eu passeie, tu passeies, ele passeie, eles passeiem;
que eu freie, tu freies, ele freie, eles freiem;
que eu enfeie, tu enfeies, ele enfeie, eles enfeiem.
Observações:
1a) As 1a e 2a pessoas do plural não fazem ditongo:
nós passeamos, vós passeais, que nós passeemos;
nós freamos, vós freais, que nós freemos;
nós enfeamos, vós enfeais, que nós enfeemos;
2a) Nos tempos do pretérito e do futuro, jamais ocorre o ditongo:
eu passeei, ele passeou, eles passearam, eu passeava, ele
passeará, eles passeariam, passeando…

3a) ARREIA ou ARRIA?
As duas formas são corretas.
1a) Ele ARREIA é do verbo ARREAR (=pôr os arreios):
“Ele ARREIA o cavalo”;
2a) Ele ARRIA é do verbo ARRIAR (=abaixar):
“Ele ARRIA a cortina”.

4a) VISA ATENDER ou VISA A ATENDER?
Quanto à frase “…visa atender aos desejos dos alunos”, leitor quer saber se o certo não seria: “…visa a atender…”
Segundo a regência tradicional,o verbo VISAR, no sentido de “almejar, desejar, aspirar”, era transitivo indireto: “Sua campanha visava AO governo do estado”. Hoje em dia, porém, a maioria dos estudiosos considera caso de regência facultativa: transitive direto ou indireto.
Portanto, se seguirmos rigorosamente a regência clássica, devemos usar a preposição “a”: “…visa A atender aos desejos dos alunos”.
É importante, porém, observar que, atualmente, é perfeitamente aceitável a omissão da preposição quando se trata de locução verbal. Portanto, “visa atender” não é considerado um erro.
O mesmo ocorre em :
“Preciso de comprar…” ou “Preciso comprar…”

5a) VER ou VIR?
Leitor quer saber se a frase “Se você o ver, peça a ele que me ligue” está correta.
Nessa frase, o verbo VER deveria estar no futuro do subjuntivo. O certo é: “Se você o VIR…”
O futuro do subjuntivo do verbo VER é:
Quando ou se eu VIR, tu VIRES, ele VIR, nós VIRMOS, vós VIRDES, eles VIREM.

6ª) Qual é a forma correta?
a) os óculos escuros  ou  o óculos escuro ?
b) nada a ver  ou  nada haver ?
c) a maestro  ou  a maestrina ?
d) escrevi em baixo  ou  escrevi embaixo ?
e) ata por mim assinada  ou  ata pôr mim assinada ?

O certo é:
a)    os óculos escuros;
b)    nada a ver;
c)    a maestrina;
d)    escrevi embaixo;
e)    ata por mim assinada.

Conectivos


Conexão
Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que são representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados pelo sentido, conforme os ditames do autor Othon Moacyr Garcia (Comunicação em Prosa Moderna).
Prioridade, relevância:
em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a posteriori (itálico).
Tempo (freqüência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade):
então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, hoje, freqüentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem.
Semelhança, comparação, conformidade:
igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como.
Condição, hipótese:
se, caso, eventualmente.
Adição, continuação:
além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só … mas também, não só… como também, não apenas … como também, não só … bem como, com, ou (quando não for excludente).
Dúvida:
talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que.
Certeza, ênfase:
decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
Outros teóricos propõem classificações distintas como a que segue:
Afetividade: felizmente, ainda bem (que).
Afirmação: certamente, com certeza, indubitavelmente, de fato, por certo.
Conclusão: em suma, em síntese, em resumo.
Consequência: com efeito, assim, consequentemente.
Continuidade: além de, ainda por cima, bem como, outrossim, também.
Dúvida: talvez, provavelmente, quiçá.
Ênfase: até, até mesmo, no mínimo, no máximo, só.
Exclusão: apenas, exceto, menos, salvo, só, somente, senão
Explicação: a saber, isto é, por exemplo.
Inclusão: inclusive, também, mesmo, até.
Oposição: pelo contrário, ao contrário.
Prioridade: inicialmente, antes de tudo, acima de tudo, em primeiro lugar.
Restrição: apenas, só, somente, unicamente.
Retificação: aliás, isto é, ou seja.
Tempo: antes, depois, já, posteriormente.
Adição: e, nem, também, não só… mas também.
Alternância: ou…ou, quer…quer, seja…seja.
Causa: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, por (+ infinitivo).
Conclusão: logo, portanto, pois.
Condição: se, caso, desde que, a não ser que, a menos que.
Comparação: como, assim como.
Consequência: tão…que, tanto…que , de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira que.
Explicação: pois, porque, porquanto.
Finalidade: para que, a fim de que, para (+ infinitivo)
Oposição: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, mesmo que, apesar de (+ infinitivo)
Proporção: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos,
Tempo: quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto.
(Fonte: Roteiro de Redação – Lendo e ArgumentandoViana, Antonio Carlos. Ed. SCIPIONE )

quinta-feira, junho 9

Exercícios sobre Funções da Linguagem

Identifique a(s) função(ões) da linguagem que está(ão) presente(s) nos textos abaixo:

OBS: Num mesmo texto, nas mais das vezes, há mais de uma função da linguagem. O fundamental é que se perceba qual a função predominante para a organização da mensagem.



1)
Só uma coisa
me assombra e deslumbra:
como é que o som penetra na sombra
e a pena sai da penumbra?
PAULO LEMINSKI


2) “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer...e, além do mais, expedir alguns magros capítulos para esse mundo é tarefa que sempre distrai um pouco da eternidade; mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica...Vício grave e, aliás, ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor...Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios: guinam à direita e à esquerda, escorregam e caem...”
(MACHADO DE ASSIS in Memórias Póstumas de Brás Cubas)


3) GLOBO E VOCÊ
TODA HORA
TUDO A VER
(Vinheta publicitária)

4) Meus oito anos
Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
(Casimiro de Abreu)

5) O Brasil tem 40 milhões de fumantes. Ainda são muitos, mas o número vem caindo. O volume de cigarros queimados no país caiu 32% em dez anos, e uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) descobriu que 21,4% da população carioca fuma, contra 29,8% em 1989. Os dados demonstram que a política antitabagista do governo começa a dar resultados. Na semana passada o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recebeu um prêmio da Organização Mundial da Saúde (OMS) por seu empenho nas negociações do tratado mundial antitabaco. Aprovado no fim de maio por 171 países, o documento prevê uma guerra contra a indústria do fumo, com medidas como a abolição quase total de propaganda de cigarro em cinco anos e taxações e financiamento para levar os plantadores de tabaco a mudar de negócio.
(Revista Época, 2003)

6) Sinal Fechado

Olá, como vai ?
Eu vou indo e você, tudo bem ?
Tudo bem eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você ?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe ...
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Oh! Não tem de que
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona ?
Precisamos nos ver por ai
Pra semana, prometo talvez nos vejamos
Quem sabe ?
Quanto tempo... pois é...
Quanto tempo
(Paulinho da Viola)

7) “Todos os dias quando (eu) acordo,
(eu) não tenho mais o tempo que passou.”
(Legião Urbana)

8) “Quero ficar no teu corpo feito tatuagem...”
(Chico Buarque)

9) “Blá‑blá‑blá.‑blá
blá‑blá‑blá‑blá‑blá
Ti‑ti‑ti‑ti
Ti‑ti‑ti‑ti-ti
Tá tudo muito bom, bom!Tá tudo muito bem, bem!” (Blitz)

10) “Amor é fogo que arde sem se ver
é ferida que dói e não se sente
é um contentamento descontente...” 
(Luís de Camões)

domingo, abril 24

4 ª fase- 2º período leiam e tentem responder depois confiram o gabarito.


Questões:

01. Reconheça nos textos a seguir, as funções da linguagem:

a) "O risco maior que as instituições republicanas hoje correm não é o de se romperem, ou serem rompidas, mas o de não funcionarem e de desmoralizarem de vez, paralisadas pela sem-vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação e da complacência. Diante do povo, diante do mundo e diante de nós mesmos, o que é preciso agora é fazer funcionar corajosamente as instituições para lhes devolver a credibilidade desgastada. O que é preciso (e já não há como voltar atrás sem avacalhar e emporcalhar ainda mais o conceito que o Brasil faz de si mesmo) é apurar tudo o que houver a ser apurado, doa a quem doer." (O Estado de São Paulo)

b) O verbo infinitivo
     Ser criado, gerar-se, transformar
     O amor em carne e a carne em amor; nascer
     Respirar, e chorar, e adormecer
     E se nutrir para poder chorar

     Para poder nutrir-se; e despertar
     Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
     E começar a amar e então ouvir
     E então sorrir para poder chorar.

     E crescer, e saber, e ser, e haver
     E perder, e sofrer, e ter horror
     De ser e amar, e se sentir maldito

     E esquecer tudo ao vir um novo amor
     E viver esse amor até morrer
     E ir conjugar o verbo no infinito... (Vinícius de Morais)
 
c) "Para fins de linguagem a humanidade se serve, desde os tempos pré-históricos, de sons a que se dá o nome genérico de voz, determinados pela corrente de ar expelida dos pulmões no fenômeno vital da respiração, quando, de uma ou outra maneira, é modificada no seu trajeto até a parte exterior da boca." (Matoso Câmara Jr.)

d) " - Que coisa, né?
       - É. Puxa vida!
       - Ora, droga!
       - Bolas!
       - Que troço!
       - Coisa de louco!
       - É!"

e) "Fique afinado com seu tempo. Mude para Col. Ultra Lights."

f) "Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo desejava que um grito me anunciasse qualquer acontecimento extraordinário. Aquele silêncio, aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os degraus e fui espalhar no quintal os fios da gravata. Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o pensamento embaralhar-se longe daquelas porcarias. Senti uma sede horrível... Quis ver-me no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à janela, olhando as pernas dos transeuntes." (Graciliano Ramos)

g) " - Que quer dizer pitosga?
       - Pitosga significa míope.
       - E o que é míope?
       - Míope é o que vê pouco."
 

02. No texto abaixo, identifique as funções da linguagem:

 "Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do cego desejo, mas o asno da paciência, a um tempo manhoso e teimoso. Que, em verdade, há dois meios de granjear a vontade das mulheres: o violento, como o touro da Europa, e o insinuativo, como o cisne de Leda e a chuva de ouro de Dânae, três inventos do padre Zeus, que, por estarem fora de moda, aí ficam trocados no cavalo e no asno." (Machado de Assis)


03. Descubra, nos textos a seguir, as funções de linguagem:

a) "O homem letrado e a criança eletrônica não mais têm linguagem comum." (Rose-Marie Muraro)

b) "O discurso comporta duas partes, pois necessariamente importa indicar o assunto de que se trata, e em seguida a demonstração. (...) A primeira destas operações é a exposição; a segunda, a prova." (Aristóteles)

c) "Amigo Americano é um filme que conta a história de um casal que vive feliz com o seu filho até o dia
em que o marido suspeita estar sofrendo de câncer."

d) "Se um dia você for embora
      Ria se teu coração pedir
      Chore se teu coração mandar." (Danilo Caymmi & Ana Terra)

e) "Olá, como vai?
      Eu vou indo e você, tudo bem?
      Tudo bem, eu vou indo em pegar um lugar no futuro e você?
      Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranqüilo..." (Paulinho da Viola)
 

Texto para as questões 04 e 05

Poética

Que é poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos os lados
Que é um poeta?
um homem
que trabalha um poema
com o suor do seu rosto
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.      

(Cassiano Ricardo)

04. Quais as funções da linguagem predominantes no poema anterior?
 

05. Aponte os elementos que integram o processo de comunicação em Poética, de Cassiano Ricardo.
 

06. Historinha I

     
Historinha II

   
Qual a função da linguagem comum às duas historinhas?
 

07. (CESUPA - CESAM - COPERVES) Segundo o lingüísta Roman Jakobson, "dificilmente lograríamos (...) encontrar mensagens verbais que preenchem uma única função... A estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função predominante".

 "Meu canto de morte
Guerreiros, ouvi.
Sou filho das selvas
Nas selvas cresci.
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante.
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, forte,
Sou filho do Norte
Meu canto de morte,       
Guerreiros, ouvi."

(Gonçalves Dias)
    
Indique a função predominante no fragmento acima transcrito, justificando a indicação.
 
 
08. (PUC - SP)

  "Com esta história eu vou me sensibilizar, e bem sei que cada dia é um dia roubado da morte. Eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida. As palavras são sons transfundidos de sombras que se entrecruzam desiguais, estalactites, renda, música transfigurada de órgão. Mal ouso clamar palavras a essa rede vibrante e rica, mórbida e obscura tendo como contratom o baixo grosso da dor. Alegro com brio. Tentarei tirar ouro 
do carvão. Sei que estou adiando a história e que brinco de bola sem bola. O fato é um ato? Juro que este livro é feito sem palavras. É uma fotografia muda. Este livro é um silêncio. Este livro é uma pergunta." (Clarice Lispector)
 
  A obra de Clarice Lispector, além de se apresentar introspectiva, marcada pela sondagem de fluxo de
consciência (monólogo interior), reflete, também, uma preocupação com a escritura do texto literário.

Observe o trecho em questão e aponte os elementos que comprovam tal preocupação.
 

09. (FATEC) O senão do livro

COMEÇO a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica, vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...
Este trecho revela o estilo de:
 
a) MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA, ao usar uma linguagem apelativa, direcionada à reflexão
crítica da obra romântica.

b) GRACILIANO RAMOS, ao revelar a quebra da ordem cronológica da narrativa de suas obras,
como reflexo coerente da instabilidade psicológica e espacial de suas personagens.

c) MACHADO DE ASSIS, ao questionar o leitor quanto à linha lógica e impositiva do tempo velho da
obra literária e, ao mesmo tempo, conscientizá-lo de um novo modo de ler.

d) LIMA BARRETO, ao retratar o estilo incoerente de suas personagens em seus atos de loucura.

e) CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, ao especular o tempo e a qualidade de vida do homem
(leitor) em interação com o tempo da narrativa.
 

Resolução:

01. a) função referencial                                           b) função poética
       c) funções referencial e metalingüística        d) função fática
       e) função conativa                                               f) função emotiva
       g) função metalingüística


02. Função emotiva

03. a) função referencial                                         
       b) função referencial
       c) funções referencial e metalingüística      
       d) função poética
       e) função fática


04. Funções poética e metalingüística.

05. Código, emissor e mensagem.

06. Função metalingüística, último quadro de cada historinha.
  

07. Função emotiva - predominância de 1ª pessoa.

08. Nesse fragmento de Clarice Lispector, além da preocupação introspectiva em fisgar elementos interiores, profundos, beirando uma revelação epifânica transcendental, há também a preocupação constante com a  própria escritura do texto literário, usando-se a função metalingüística.
  A discussão ou abordagem da tessitura narrativa aparece em passagens como: "As palavras são sons transfundidos de sombras que se entrecruzam desiguais, estalactites, renda, música transfigurada de órgão. Mal ouso clamar palavras a essa rede vibrante e rica (...)", "Sei que estou adiando a história e que brinco de bola sem bola. O fato é um ato? Juro que este livro é feito sem palavras (...)" e "Eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida".


09. 
C